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Rota do Barroco parte de Arcos de Valdevez para o Alto Minho

2018-12-10

Partir à descoberta do Alto Minho tendo como ponto de partida a Porta do Barroco, em Arcos de Valdevez, é a proposta da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho) apresentada sábado passado, dia 8 de dezembro, no âmbito do projeto "Alto Minho 4D - Viagem no Tempo”. O objetivo é promover a Rota do Barroco como um produto turístico-cultural, capaz de atrair mais turistas à região. 

O concelho de Arcos de Valdevez foi escolhido para porta de entrada do roteiro do barroco no Alto Minho, dada a presença de elementos notáveis do barroco e do rococó na vila, nomeadamente nos edifícios de caráter religioso, que ainda hoje marcam a paisagem daquela localidade: a Igreja do Espírito Santo, a Igreja Matriz, a Igreja da Lapa e a Igreja da Misericórdia. O projeto "Alto Minho 4D - Viagem do Tempo” vai, segundo o representante da Câmara Municipal de Arcos, Nuno Soares, enriquecer o Centro Interpretativo do Barroco, que a autarquia, numa parceria com a diocese de Viana do Castelo,  inaugurará no próximo sábado, 15 de dezembro. Tratou-se de um investimento municipal de cerca de 1 milhão de euros, direcionado para a recuperação da Igreja do Espírito Santo, um ex-libris do barroco na região e a nível nacional. No próximo ano, ao Centro Interpretativo será acrescentada a Porta do Barroco do projeto "Alto Minho 4D - Viagem no Tempo”, que ficará instalada na sacristia da igreja, onde está representado o Pentecostes.

A partir desta Porta, o turista e visitante do Alto Minho pode partir à descoberta da cultura barroca, que marca os séculos VXI e XVIII em Portugal, com a chegada dos jesuítas ao nosso país. Uma viagem que segundo o investigador Eduardo Pires de Oliveira, da Universidade de Lisboa, até pode ultrapassar a área geográfica dos 10 concelhos do Alto Minho, uma vez que a arte barroca do Alto Minho está presente na Galiza e em Minas Gerais, no Brasil, como é o caso da Igreja de S. Francisco, em S. João d' el Rei, da autoria de Francisco Lima Cerqueira, natural de Melgaço; e do Palácio do Governador, da autoria do vianense João Pinto Alpoim. 

Na região do Alto Minho, o historiador sugere, entre outros, como visita imperdível o Convento de Mosteiró, na freguesia de Cerdal, em Valença; a Capela das Malheiras, no centro de Viana do Castelo; a Capela da Boa Morte na Correlhã, em Ponte de Lima; e o Santuário da Peneda, em Arcos de Valdevez.

Trata-se, sobretudo, de edifícios religiosos, uma vez que, segundo explicou na conferência Manuel Joaquim Rocha, da Universidade do Porto, "os principais encomendadores do barroco são da esfera religiosa”. É então que a imagem ganha uma presença marcante, sendo utilizada "como veículo de comunicação direta e objetiva, na azulejaria, na arte da madeira em relevo e na pintura”, sublinhou.  

Para melhor se perceber estas especificidades do barroco, e no âmbito da Porta do Tempo, no sábado à tarde foi promovida uma visita guiada à Igreja Matriz e à Igreja da Lapa, em Arcos de Valdevez, que juntou dezenas de interessados na temática, e que terminou com uma performance, na Casa das Artes. 

Também no sábado, a vila dos Arcos foi retratada por dezenas de urban sketchers, que passaram para o papel a sua visão de Arcos de Valdevez. Junto ao rio, encontramos o checo Martin Kelbl, que se deslocou do Porto, onde está a estudar Belas Artes, para conhecer Arcos de Valdevez. No seu primeiro contacto com a vila, o urban sketcher destacou a calma que se vive em Arcos de Valdevez, traduzida no silêncio do rio, que o próprio escolheu para desenhar, juntamente, com o verde dos jardins. 

As Portas do Tempo da viagem "Alto Minho 4D” estão a ficar concluídas, restando apenas Paredes de Coura, no próximo dia 12 de janeiro, e Vila Nova de Cerveira, a 9 de fevereiro. O representante do Município de Arcos de Valdevez, Nuno Soares, realçou "o papel de parceria institucional entre os 10 concelhos e a CIM Alto Minho” e considerou "notável o que foi feito no âmbito deste projeto: de olhar para o território, para a realidade de cada um dos 10 municípios e perceber no que cada um pode ser representativo dessa identidade”.

Finalizado o projeto, explica Nuno Soares, "um turista que queira estar uma semana no Alto Minho, passa a ter um roteiro que vai desde a pré-história até à arquitetura tradicional” e cada concelho passa a ter um centro de recursos de uma determinada época. 

De recordar que o projeto "Alto Minho 4D – Viagem no Tempo” foi aprovado pelo Programa Operacional Regional do Norte – Norte 2020, no domínio do "Património Cultural”, e pretende criar uma rede de dez rotas/ itinerários cronológicos culturais baseados na história e nos bens patrimoniais do Alto Minho. Com esta iniciativa intermunicipal, cada um dos concelhos do Alto Minho encabeçará uma dessas rotas que funcionará como o "portal” de acesso a uma "estação do tempo” (um núcleo museológico, que funcionará num determinado espaço físico), que irá dispor de uma série de valências e no qual se apresentará uma sequência de recursos patrimoniais alusivos a essa rota e a serem visitados não só nesse concelho, mas em todo o território, promovendo-se um circuito (touring) cultural pelo Alto Minho e, consequentemente, a mobilidade turística na região.

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