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Alto Minho quer aumentar capacidade de resiliência para ser mais sustentável, coeso e competitivo

2013-02-01


O Alto Minho tem de melhorar a sua resiliência (ou seja, a sua capacidade de adaptação à mudança, de antecipação, de flexibilidade e de inovação) no contexto da atual conjuntura financeira, económica e social. Este foi desafio lançado ontem (dia 31 de janeiro), como forma de garantir a sustentabilidade, a competitividade e a coesão do território, em mais um seminário do ciclo de seis que a Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima (CIM Alto Minho) está a promover, com o objetivo de delinear uma estratégia de desenvolvimento para a região – estratégia "Alto Minho 2020”.

"Como tornar a região mais resiliente, sustentável e inclusiva” foi o tema central deste quinto seminário, que reuniu personalidades destacadas de diferentes quadrantes: ação social, ambiente e ecologia, empreendedorismo, ensino e setor empresarial, e cerca de duas centenas de participantes, na Casa das Artes de Arcos de Valdevez.

Na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo, sublinhou a importância fundamental dos modelos de governação regional e intermunicipal para a boa gestão de fundos estruturais no período 2014-2020.

O primeiro painel, moderado por Maria Cerqueira, jornalista da RTP, contou com as intervenções de César Ferreira, delegado regional do Norte, do Instituto de Emprego e Formação Profissional; Jacqueline Barreto, do Instituto da Segurança Social; Joaquim Mamede Alonso, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC); e Ana Rosas, do IAPMEI.

Seguiu-se uma mesa redonda sobre "Dinâmicas de resiliência: adaptação, flexibilidade e mudança”, moderada por Ricardo Magalhães, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), onde foram oradores Rui Teixeira, presidente do IPVC; Manuela Coutinho, do Centro Distrital de Segurança Social de Viana do Castelo; João Manuel Esteves, diretor da In.Cubo (Incubadora de Iniciativas Empresariais Inovadoras); Carminda Morais Leitão, coordenadora do projeto "Capacitar para a qualificação e inovação das redes sociais do Minho-Lima”; Ana Paula Xavier, coordenadora da Adriminho (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho); António Luis, diretor do CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica (Núcleo dos Arcos de Valdevez); Teresa Ventin, coordenadora do EURES Transfronteiriço Norte de Portugal-Galiza; e Joaquim Reis, agricultor em modo de produção biológica em Viana do Castelo.

"São as regiões que demonstrem uma maior capacidade de adaptação à mudança, de aprendizagem e inovação, as que serão menos vulneráveis perante choques externos (como fenómenos naturais, crises económicas, alterações políticas), sendo por isso mais sustentáveis, na medida em que são capazes de mudar e de mudar mais rapidamente”, defendeu Augusto Mateus, coordenador do Plano de Desenvolvimento do Alto Minho 2020, numa alusão à estratégia do Alto Minho enquanto região capaz de se adaptar à mudança.

A articulação de capacidades de resposta por parte dos diferentes atores regionais foi outra das premissas apontadas como forma de desenvolver uma estratégia de resiliência para o Alto Minho, orientada para três objetivos: sustentabilidade, apostando nos recursos endógenos da região e na sua diferenciação; coesão territorial, promovendo a concertação social e as redes colaborativas como meio facilitador e gerador da inclusão social; e competitividade, pela via da iniciativa empresarial e da "especialização inteligente” (orientada para mercados específicos), e pela valorização de competências e da mobilidade profissional. Foi dado particular enfoque, neste âmbito, ao papel do IPVC, enquanto "plataforma de conhecimento”, na articulação com as empresas e setores do Alto Minho, através de uma oferta formativa que permita introduzir transformações nos modelos produtivos, tornando-os mais eficientes e mais amigos do ambiente.

O presidente da CIM Alto Minho, Rui Solheiro, que presidiu à sessão de encerramento, colocou a tónica do seu discurso na importância dos serviços públicos de proximidade "para prevenir níveis insustentáveis de desigualdade económica, social ou territorial”. "Temos memória e não queremos voltar a ter uma sociedade em que o grau de desigualdade seja tal que conduza a uma regressão brutal dos tradicionais níveis de vida do modelo social europeu em domínios como a mortalidade infantil, a esperança de vida, o abandono escolar, o desemprego, a toxicodependência, ou a criminalidade”, sublinhou. Acrescentou que "é imperativo ter um Estado mais próximo, mais eficiente e mais solidário, criando as condições de equidade mínimas para que todos os membros da sociedade, independentemente da sua situação económica de partida ou do território onde vivam, possam usufruir da oportunidade de, por direito próprio e não por caridade, ter mobilidade social e uma vida digna”.

Rui Solheiro referiu-se ainda à "ambição” de definir um Plano de Ação "Alto Minho 2020” integrando os principais projetos âncora a desenvolver pelas diversas instituições do Alto Minho no horizonte 2014-2020, documento que deverá ser apresentado ao Governo no primeiro semestre de 2013. "Estamos confiantes que, na sequência da estratégia "Alto Minho 2020”, a nossa população, o nosso território e as nossas instituições estarão melhor preparadas, quer para enfrentar os enormes desafios com se confrontarão no seu futuro, quer para poder aproveitar adequadamente as oportunidades do novo período de programação”, concluiu.

Iniciado em Outubro de 2011 pela CIM Alto Minho, com o apoio técnico da empresa Augusto Mateus & Associados, a iniciativa "Alto Minho: Desafio 2020” pretende traçar as principais linhas de intervenção para a região nos próximos dez anos, num processo de consensualização de objetivos e de prioridades que envolve a participação dos agentes e instituições que intervêm no território, abrangendo a auscultação pública e a recolha de opiniões de especialistas, parceiros sociais, agentes económicos, da população em geral ou da comunidade escolar.

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